escrever faz um bem danado quando ninguém lê. como aquelas frases de porta de banheiro público. uma vez quase saí na mão com um cara de um bairro aí. eu escrevi "meu bairro é foda, foda-se os outros bairros". daí ele escreveu, "bairro de viado o teu", daí escrevi com letras garrafais logo embaixo "fica esperto". uma semana depois estava escrito mais embaixo "sua bicha, vou te matar". daí fiquei putasso e escrevi, "sabe com quem você tá falando?". quando eu pensei que eu tinha dado uma lição nele, ele me volta com "lá na minha área você não dura cinco minutos mané Flávia te amo". achei estranho aquela coisa de amor, cara confuso. fechei o zíper e nem dei descarga, problema do próximo. vai que é ele.
escrever faz um bem danado quando ninguém lê. ou então quem quer que seja que tenha lido, essa pessoa deve estar distante num raio de 300 a 400 quilômetros. porque o que se escreve é exatamente aquilo que não falamos. um complementa o outro. falar é tornar exposto o que se pode tornar exposto. escrever é um modo sofisticado de lubridiar o trio-ternura da casa de máquinas de nossa alma: sr. ego, bonito, pomposo, caminhando a passos precisos e sorrindo e acenando; o sr. superego, cisudo, tenso, controlador, caminha com sua bengala pesada e que machuca; e, lá atrás, senhoras e senhores, o senhor id, anarquicamente pelado, fazendo o caminho inverso e derrubando coisas ao seu redor. se vocês repararem bem, ele acabou de colocar um piercing artesanal naquele lugar, e vejam como ele chacoalha com estusiasmo.
adoro escrever sobre nudez e coisas que chacoalham. babuínos, definitivamente, sabem do que eu estou falando.
sábado, 15 de dezembro de 2007
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