quarta-feira, 31 de outubro de 2007

havia um bigode, uma tentativa e um tempo a se gastar.
teve aqueles chiados, aqueles ruídos, começou um barulho e terminou sem som de vez.
havia aquela idéia de começar, iniciar e reinventar as coisas.
teve aquele sossego, aquela preguiça, um desistímulo convincente e pasmo generalizado.
houve até, pra surpresa da oposição, um conformismo consentido e assumido como maturidade.
houve um tempo onde tudo precisava significar alguma coisa e agora qualquer coisa precisa apenas significar que já está de bom tamanho.
ele desistiu. antes hesitou. hesitou, hesitou, hesitou, cochilou, lembrou e hesitou novamente. levantou, ainda hesitando, se postrou, ainda hesitando, e esqueceu, sem hesitar, até começar do começo que ele imagina que seja.
é engraçado buscar um significado em cada coisa. porque pequenas coisas podem significar um bocado suficiente pra dessignificar as grandes coisas que são significantes por natureza. e daí me faz pensar que se houvesse um significado pra tudo, provavelmente já haveria um dicionário da vida. mas o problema é quantidade de línguas que falamos. entre eu, o id e o superego há uma babel de efeito previsível.
a confusão primeira gera aquela hesitação segunda, seguida da terça de brancos e negros, e dos dias que passam sem avisar.
tudo que é muito rápido é multado. o meu tempo anda inadimplente. eu apenas ando.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

sempre tive inveja dos skatistas. eles sempre conseguiam mais garotas do que os boleiros.
o futebol só me deu grandes amigos e alguns pontapés dentro de quadra. já o skate produz uma série de hematomas e uma incrível reputação de saltador de degraus entre as gatas.
uma vez até tentei evoluir na cadeia social aprendendo a andar de skate. pra primeira manobra mais simples e básica, só consegui abrir o pulso e quase deixei o skate do meu amigo ser atropelado. aquele shape valia três vezes mais do que meu Penalty ATF. voltei ao futebol.
superada este incômodo adolescentil, me vejo diante da nova modalidade de arriscadores de vida. agora, sem nenhum shape, capacete ou cotoveleira, eles demonstram sua capacidade de correr riscos entre o escorregador, a gangorra e o cavalinho. a turma do le parkour barbariza no playground. comecei a ter um pingo de inveja até perceber como é engraçado ver um cara adulto, de barba na cara, correndo e pulando num parquinho infantil. mais engraçado ainda é ver aquele vídeo que tem um cara correndo e pulando uma cerquinha, sendo que a portinha ao lado estava aberta.